Caso 2 – Influenciadora Andréia: do vestido dos sonhos ao pesadelo público

  

Caso 2 – Influenciadora Andréia: do vestido dos sonhos ao pesadelo público 


No segundo caso relatado neste blog, vou detalhar tudo o que aconteceu com a influenciadora Andréia, para quem confeccionei o vestido de casamento em caráter de urgência, faltando apenas cinco dias para a cerimônia. Inicialmente, a parceria parecia promissora e começou muito bem, com grande repercussão positiva.
 

No entanto, cerca de três semanas após o estouro do caso envolvendo Aline, um vídeo gravado por uma das madrinhas da Andréia viralizou rapidamente, trazendo várias acusações contra a minha conduta durante e depois do casamento. Esse vídeo ultrapassou a marca de 10 milhões de visualizações, sendo replicado por páginas de fofoca, youtubers e perfis de entretenimento, gerando um dano de proporções gigantescas para o meu ateliê. 

Em resposta, produzi uma série de vídeos esclarecendo o que realmente aconteceu e apresentando provas, que engajaram muito bem e fizeram muitas pessoas entenderem meu lado — mas também acabaram direcionando ataques para a própria Andréia. Pressionada pelo hate, ela publicou um vídeo de tom vingativo, que será detalhado posteriormente. 

Neste primeiro momento, vou relatar em detalhes o meu lado da história, do primeiro contato com a Andréia até a devolução do vestido, explicando passo a passo tudo que ocorreu para que você possa compreender o contexto completo. 

 

Quem é a Andréia? 

 Ela é uma influenciadora no TikTok, com milhões de seguidores. É uma mulher preta, casada com um francês, e ficou conhecida por compartilhar sua rotina como brasileira morando em Paris. Andréia se casou muito jovem aqui no Brasil, mas infelizmente o relacionamento não deu certo. Após o divórcio, conheceu o Clemoise em um site de relacionamento. Ele veio para o Brasil, eles se apaixonaram, e logo depois ela foi com ele para a França, onde se casaram em um casamento mais simples, só no civil. Mas o grande sonho dela sempre foi fazer um casamento do jeito que sonhou, principalmente no Brasil, com a presença da família. 

E foi aí que a nossa história começou, porque ela já estava com o casamento marcado para o dia 4 de maio de 2024. 


O CASAMENTO 

Eu vi quando ela anunciou o casamento aqui no Brasil, inclusive lembro de ter assistido a um vídeo em que ela dizia que já tinha comprado o vestido em Paris. 

Depois que vi o vídeo da Andréia falando que já tinha comprado o vestido em Paris, nem pensei em oferecer meus serviços. Naquela época, várias influenciadoras que estavam noivas me procuravam querendo parceria, mas eu só fechava com quem realmente tinha o perfil da minha marca. Inclusive, fui responsável pelo vestido da Camila Pudim, uma das maiores influenciadoras do TikTok em 2023, e foi a partir desse trabalho que vim para São Paulo. 

Então fiquei na minha, porque a Andréia tinha dito publicamente que o vestido dela já estava pronto. Isso foi mais ou menos em fevereiro ou março de 2024. Corta para o começo de abril, e do nada recebo uma mensagem dela no direct do Instagram do meu ateliê. No direct, ela me perguntou se eu conseguiria fazer um vestido que ela tinha visto no meu site, com base de corset, manguinhas laterais e colo aberto, no estilo princesa. E queria saber se daria tempo para o dia 4 de maio, que era a data do casamento. 

Ela também perguntou se eu aceitaria fazer em parceria, já que o casamento dela estava com bastante repercussão no TikTok. Faltava apenas um mês para o casamento, mas eu respondi que, sim, daria tempo se ela fechasse logo. Inclusive comentei que acompanhava o trabalho dela, que tinha visto que ela estava noiva, mas não ofereci antes porque ela já tinha anunciado que comprou o vestido. 



Aí ela me explicou que realmente comprou um vestido lá em Paris, mas era um modelo de manga, diferente do que sempre sonhou, que era ombro a ombro como o meu modelo. A dona da loja em Paris tinha prometido ajustar o vestido para ficar ombro a ombro, mas não estava conseguindo, e como já estava perto do casamento, ela ficou desesperada porque o vestido não ficaria do jeito que queria. 

Expliquei que interesse em fazer a parceria eu até tinha, mas não conseguia arcar com 100% dos custos naquele momento. Fazer um vestido de última hora exige comprar materiais exclusivos, principalmente para uma influenciadora. Eu precisaria usar rendas especiais, mais trabalhadas, e só de material eu estimava gastar entre 4 e 5 mil reais, dependendo da renda escolhida. O vestido similar que ela tinha visto no meu site custava em média 8 mil reais para venda. 

Falei para ela que, se conseguisse ajudar pelo menos com o valor do material, eu me comprometia a confeccionar o vestido. Cheguei a mandar fotos de rendas para ela escolher, até sugeri que, se decidisse logo, eu poderia conseguir um preço melhor em alguns fornecedores. 

Depois de um tempo, voltei a perguntar se ela tinha decidido, e foi quando ela me agradeceu e disse que preferia ficar com o vestido que já tinha em Paris mesmo. Contou que o casamento estava saindo muito caro, que tinha muitas outras despesas e que não teria como arcar com o custo do material. Se desculpou, agradeceu pela minha disponibilidade e disse que deveria ter pensado nisso antes. E assim ficou: desejei boa sorte, e segui minha vida normalmente. 

Depois que a Andréia me agradeceu e disse que não conseguiria pagar pelo material, desejei sorte para o casamento dela e falei que, se mudasse de ideia a tempo, era só me avisar. Segui minha vida.  

Só que algumas semanas depois, faltando cerca de 10 dias pro casamento, que seria no dia 4 de maio (a confirmar pelos prints ), do nada recebi uma mensagem no meu WhatsApp pessoal. Quem me mandou foi Andreia, que me disse: “Ju me da uma opinião aqui” 



ANDREIA explicou que o vestido dela em Paris tinha dado problema e que ela estava vendo defeitos fora que não era o modelo dos sonhos dela, que o casamento seria dali a uma semana e que estava desesperada. Ela me pediu ajuda urgente, dizendo que chegaria ao Brasil em dois dias, no sábado, e precisava resolver o vestido assim que chegasse. 

Quando a ANDREIA me enviou as fotos, entendi tudo: o vestido original, que era de manga longa, havia sido adaptado na tentativa de virar um modelo ombro a ombro, mas não ficou bom fora outros pequenos defeitos visíveis que não irei relatar em respeito a estilista responsável pelo outro vestido.  

Ela estava insatisfeita com o resultado e estava desesperada pois faltava quase uma semana pro casamento.  

Ela queria ver a possibilidade de fazer outro vestido, porém não tinha dinheiro para investir em outro vestido, já que um mês antes ela já não tinha condições, imagine agora, com tudo pago e o casamento batendo à porta. 

ANDREIA perguntou se eu poderia ter algum modelo pronto para emprestar. Expliquei que não trabalho com vestidos prontos para aluguel e que, principalmente no caso dela, não tinha nada que servisse, porque ela era muito magrinha e minhas peças de mostruário eram na maioria dois tamanhos maiores que o dela. 

Naquele período, eu estava planejando começar a gravação do meu curso online, que seria lançado em agosto, e o grande atrativo do curso era mostrar que eu conseguia confeccionar um vestido de noiva completo em até cinco dias — exatamente o tempo que eu teria para salvar o vestido da Andréia. Pensei que, se desse certo, poderia até usar essa experiência como prova prática da minha técnica, e acabei topando o desafio. 

Avisei a Andreia que poderia fazer o vestido do zero, mas teria que ser com materiais que eu já tinha no ateliê, sem a possibilidade de encomendar nada exclusivo, e que ela precisaria seguir meus termos para que tudo funcionasse. Ela agradeceu imediatamente. 

Naquele dia, por coincidência, eu estava com outra influenciadora no ateliê, a Bel, que também conhecia a Andréia do TikTok. Quando contei o que estava acontecendo, a Bel apareceu na vídeo chamada toda empolgada, dizendo que era fã da Andréia, elogiando meu trabalho e garantindo que eu conseguiria deixá-la maravilhosa. Isso ajudou a acalmar a Andréia, que estava chorando do outro lado do telefone, desesperada. 

Combinamos que, assim que chegasse no Brasil, ela iria ao meu ateliê no domingo para tirar as medidas. Pedi que não atrasasse, porque cada hora contava. No sábado, ela chegou no Brasil, e no domingo foi até meu ateliê — já chegou bem atrasada, o que me deixou apreensiva, mas relevei porque ela estava cansada da viagem e com fuso horário diferente. 

Recebi ela super bem. Ela foi sozinha, recebi ela super bem tenho inclusive vários vídeos desse momento. Provei um modelo que eu tinha apenas para ela ter uma ideia da modelagem, e ela gostou bastante. Tirei todas as medidas dela, e deixei claro que, dali em diante, precisaríamos seguir exatamente o cronograma para dar tempo. 

Enquanto isso, no sábado, ela chegou a postar um vídeo nos stories e no TikTok contando que estava vindo para o Brasil porque o vestido dela tinha dado problema, e que uma estilista iria salvá-la. Ela não citou meu nome, mas várias seguidoras dela começaram a supor que seria eu, já que sou conhecida no TikTok por fazer vestidos de noiva em tempo recorde. E assim começou a expectativa em volta do vestido que eu ainda nem tinha começado a fazer. 

Quando ela saiu de lá no domingo, perguntei se iríamos postar algo antes, já que ela mesma comentou que muitas pessoas estavam perguntando o que tinha acontecido com o vestido. Ela disse que seria bom postar, pois já havia curiosidade em torno do caso, mas que não falaria abertamente que houve erro da outra estilista. Só iria dizer que não gostou do vestido, que realmente foi o que aconteceu: ela não gostou do resultado, e que por isso me procurou de última hora, e eu aceitei fazer o vestido em cima da hora. 

Então, naquele domingo mesmo, cada uma fez um vídeo: no meu, contei que faria o vestido dela em cinco dias, que começaríamos na segunda e que o vestido estaria pronto na sexta, mas que só revelaria o resultado no dia do casamento, pois inclusive eu iria pessoalmente para vesti-la. Esses vídeos causaram uma grande comoção no TikTok, principalmente aqui no Brasil. Tanto meu vídeo quanto o dela  

Inicialmente, o plano era usar uma renda simples do meu estoque — bonita, mas básica, sem bordados elaborados. Porém, ao ver a repercussão do vídeo e interesse dos seguidores delas na época em média de 2 milhões juntando tiktok e intagram e os meus em média 3.3 milhões, vi que não poderia fazer algo simples e resolvi investir do meu próprio bolso pra ter um resultado impecável e que não deixasse margem pra critica. 

Então  na segunda-feira, na hora do almoço, entrei em contato com a Erika, representante de uma loja especializada em tecidos para alta costura em São Paulo, com quem compro há mais de seis anos. Expliquei que precisava de uma renda muito superior para esse vestido, mas que não tinha o valor à vista naquele momento e só poderia pagar depois do dia 5, quando receberia pagamentos de outras noivas. Perguntei se ela poderia consultar o proprietário para saber se poderiam me dar prazo para o pagamento e, em troca, ofereci divulgar a loja em meus vídeos e posts do Instagram, mostrando que só consegui fazer o vestido em tempo recorde por trabalhar com os melhores fornecedores de São Paulo. 

 


Pouco depois, Erika confirmou que eu poderia escolher a renda que quisesse. Então, selecionei uma das mais caras e bonitas, toda bordada, cheia de pedrarias, com brilho e flores 3D — exatamente no estilo que sabia que a Andréia amaria e que surpreenderia a todos. O valor da renda foi mais de R$ 2.000, como comprovam os prints, essa seria somente a renda de fora, os outros materiais como forro, renda chanttily, bordados, pedras, foram comprados em outras lojas totalizando quase 4 mil reais Na mesma hora, Erika mandou cortar a renda, e fui buscá-la na Barra Funda, o que me tomou quase três horas no total, pois eu morava no Tatuapé na época. 

Enquanto isso, no ateliê, a Cris, minha costureira-chefe, começou a trabalhar no corset da Andréia. Meu noivo, Fábio, registrou tudo em fotos e vídeos para montar um documentário do processo (temos arquivo de tudo registrado para provas no processo) que pretendíamos divulgar no Instagram e TikTok mostrando como o vestido foi feito em apenas cinco dias. 

Na terça-feira, Cris passou o dia montando a saia e finalizando o corset. Marquei com a Andréia para a primeira prova na própria terça-feira, às 16h, porque não podíamos perder tempo. Expliquei que minha equipe precisava estar presente para a prova, já que costumavam sair por volta das 17h30. Ela estava hospedada bem longe  e, de carro, a viagem até o Tatuapé levava entre 1h30 e quase 2h, dependendo do trânsito. Ela insistia em vir de Uber — muito mais demorado que o metrô — e saiu muito atrasada, mesmo sabendo do trânsito pesado de São Paulo. Resultado: chegou perto das 18h, quase quando minha equipe já precisava ir embora. 



Por sorte, a Cris e minha assistente kat se dispuseram a ficar, pois entendiam a urgência. Quando Andréia chegou, pediu desculpas, disse que tinha esquecido como era o trânsito de São Paulo, mas, sinceramente, porem achei falta de respeito com o nosso tempo e como ela ja morou em SP ela sabia da questão do transito principalmente vindo nessa distancia, já que ela morou em SP e conhece muito bem a cidade. 

 Quando Cris trouxe o vestido para a prova, chamei Andréia e mostrei a surpresa da nova renda com muito brilho, folhagens e flores 3d. Ao ver a renda nova, ela ficou emocionada e surpresa. Ela ficou extremamente feliz e grata. 


Fizemos a prova até quase 20h, porque foram necessários ajustes imediatos no corset. Cris corrigia tudo na hora, enquanto Andréia aguardava. Definimos o modelo da manga, comecei a recortar a renda para aplicá-la direto no corset usando minha técnica de colagem — Andréia ficou encantada com a técnica, dizendo que era incrível poder ver o vestido ganhando forma tão rapidamente. Ela comentou que, se tivesse feito o primeiro vestido assim, talvez não tivesse se decepcionado tanto. 

Temos todos os registros desse momento inclusive com o horário que comecei a aplicação da renda que a passava das 20hrs como mostra o print . 


Quando a base ficou pronta, orientei que ela poderia ir para casa e voltar na quinta-feira à tarde para a última prova, quando o vestido já estaria quase finalizado e só precisaríamos marcar a barra. Expliquei que para marcar a barra era essencial trazer o sapato do casamento, pois qualquer diferença mudaria a altura do vestido. 

Ela disse que na quinta-feira tinha teste de cabelo e maquiagem com a cabeleireira. Então sugeri que fizesse o teste diretamente em meu ateliê, já que tínhamos uma sala exclusiva para isso — climatizada, com espelho iluminado — exatamente para que as noivas pudessem alinhar prova do vestido com o teste de beleza. Ela adorou a ideia, confirmou que viria na quinta por volta das 11h, e assim combinamos: ela faria o teste de cabelo e maquiagem e, em seguida, faríamos a prova final, com a marcação da barra. 

Para finalizar a prova e fazer a barra, expliquei para a Andréia que a altura do sapato era fundamental: sem ele, poderíamos deixar o vestido arrastando ou curto demais, o que seria inaceitável em um vestido de noiva feito em tão pouco tempo e com tanta repercussão. Perguntei onde estava o sapato e, na terça-feira, ela respondeu que havia feito parceria com uma loja de Goiânia que já tinha enviado o sapato, e que chegaria até o dia seguinte. 

 

Na quarta era feriado Dia do Trabalho e tivemos que trabalhar normalmente para finalizar os ajustes e alinhavos e bordados no vestido dela. 

No dia 2 quinta de manhã mandei mensagem perguntando que hora ela viria ela confirmou que as 11h estaria la, então por volta das 9h perguntei se o sapato havia chegado pois, preocupada, nada podia dar errado nesse dia pois era a prova final e faltava menos de 2 dias pro casamento. 

 Andréia disse que a loja não havia respondido mais sobre o sapato e ue elava indo naquela hora comprar outro, sim exatamente menos de duas horas antes da prova no qual ja tinha falado a importância do sapato para o ajuste final. 

Ela disse que tinha o rastreio, mas não havia olhado. Pedi que enviasse o código, pois, como uso muito os Correios, tenho aplicativo próprio para rastreamento. Quando consultei, descobri que o sapato ainda estava em Goiânia e que tinha sido enviado por PAC, não SEDEX, com previsão de entrega apenas para o dia 8 — quatro dias depois do casamento. Com prints que comprovam  



Falei de forma objetiva: ela precisaria comprar outro sapato imediatamente, pois sem isso não conseguiríamos finalizar o vestido. Expliquei que não importava a marca ou beleza do sapato, pois o vestido cobriria os pés e ninguém veria. Reforcei que essa regra valia para todas as minhas noivas, não apenas para ela. 

Nesse momento, enviei um áudio explicando minha suspeita de que a loja poderia não ter gostado de ela ter me escolhido como estilista dela pois eu era conhecida por ser polemica em Goiânia.  

Apontei que, conhecendo o contexto de Goiânia, onde vivi muitos anos, e observando o feed da loja — sem nenhuma mulher preta ou sequer morena clara — era plausível que a marca não quisesse associar sua imagem a uma mulher preta (era uma suposição visto que a maioria das marcas e fornecedores de casamento tendem a colocar no feed da empresa somente noivas padrão, e antes que falem que e exagero ou mentira, pesquisem vestido de noiva ou sapato de noiva no Pinterest que e uma plataforma de pesquisa de referencias principalmente para noivas, e visível como somente mulheres brancas, magras e padrões aparecem, mostrando sim que existe racismo, gordofobia, homofobia entre outros preconceitos nesse mercado, preconceitos esses que falo a anos nas minhas redes sociais e sempre defendi o oposto), como a Andréia sempre se autodefiniu em suas redes. Usei exemplos do próprio discurso dela, que repetia em vídeos frases como: “vocês vão ter que aceitar ver uma mulher preta  casando com um europeu”. Quando falei isso no áudio, meu intuito era alertá-la para o preconceito, e não ofendê-la. Tanto que, no mesmo áudio, tranquilizei, dizendo que talvez fosse até um livramento para ela não depender daquela empresa. 

Andréia respondeu surpresa, reconhecendo que não tinha percebido a possibilidade, inclusive fez um comentário bem capacitista falando : que demente nossa que mancada. 

Reforcei que comprasse um sapato imediatamente, para não comprometer a finalização do vestido. 

enquanto isso, a cabeleireira dela — amiga de longa data — chegou cedo ao ateliê, por volta das 11h, vinda de Osasco, mostrando responsabilidade. Enquanto esperávamos, conversamos bastante, e ela me contou sobre a história da Andréia, como ficou famosa na internet por causa de uma traição no relacionamento anterior, e que, mesmo após essa exposição, conseguiu seguir em frente. Admirei muito a força dela e fiquei feliz em participar de um momento tão especial. 

Por volta das 12h30, enviei mensagem perguntando onde estava, já que a cabeleireira estava esperando há mais de uma hora. Andréia disse que ainda não tinha saído de do local, pois estava procurando sapato. Pedi que comprasse qualquer sapato confortável, enfatizando que o essencial era chegar o quanto antes, já que o teste de cabelo, maquiagem e a prova do vestido levariam a tarde toda. 

Ela chegou quase 13:30h, acompanhada do noivo e um amigo. Por gentileza, acomodei-os em uma sala reservada da minha casa, anexa ao ateliê, com café, água e conforto, enquanto atendia a Andréia. 

O teste de cabelo e maquiagem começou, e aproveitamos para fazer a prova final do vestido. Ela trouxe um sapato nude de salto 4 cm, mais baixo que o original prometido. Aconselhei a escolha de um salto mais baixo para maior conforto e evitar que o vestido arrastasse na festa, principalmente por ser bordado e pesado. 

Vestimos o vestido para ajustes finais, colocamos a anágua, marcamos a barra, e finalizei a manga lateral l, que era seu maior sonho. Fizemos tudo na frente dela, mostrando cada detalhe do processo, com participação ativa dela em cada decisão. Ela ficou encantada, emocionada, chorou agradecendo, disse que jamais imaginou ter um vestido tão lindo, e agradeceu minha equipe, prometendo orações por todos. 

Nesse mesmo dia, testamos maquiagem com um batom marrom, que deixou o visual pesado e apagado, contrastando com a proposta romântica do vestido. Sugeri um batom rosa mais claro que daria um ar mais romântico, que harmonizaria com o tom nude rosado do forro e a proposta boho romântica do casamento. Ela aceitou, trocou o batom e aprovou o resultado. 

 Sobre o penteado como a peça de cabelo dela era delicada e pelo perfil do casamento sugeri um coque baixo feiro com seus próprios cachos que e sua identidade visual mais lembrada inclusive por seu marido que amava seus cachinhos, a cabeleireira também concordou com a sugestão do coque baixo, mais delicado e adequado ao estilo do casamento no campo, em vez do coque alto que ela pretendia repetir do primeiro casamento. 

Todo esse processo foi gravado por meu noivo inclusive essa parte em que ajustamos o detalhe da troca do batom e ajustes no penteado , temos tudo em drive guardado com as falas onde e visível a concordância de ambas em todo momento. 

Encerramos a prova às 20h30, com tudo aprovado. Gravei stories mostrando a etapa final, explicando que o vestido estava 99% pronto e que, na sexta-feira, faríamos apenas os últimos acabamentos: colocação do zíper, botões, finalização da barra com crinol e ajustes finos, todos feitos com extremo cuidado pela minha equipe, em especial pela Cris, minha costureira-chefe. Aqui todas aspostagens desde do anuncio do vestido ate a noite anterior:


Na sexta-feira, começamos cedo. A Cris chegou 7h30 e trabalhou até 21h exclusivamente no vestido da Andréia, quebrando pedraria para fazer a barra com perfeição, trocando agulhas frequentemente, enquanto minha equipe também finalizava vestidos de
outras noivas que se casariam no mesmo final de semana e iriam buscar o vestido naquele dia.
 

Concluímos tudo às 21h. Tenho fotos e vídeos com toda a equipe reunida no ateliê  — provando que todos estavam lá até o fim para entregar o vestido em condições impecáveis. 

No sábado, 4 de maio, acordei cedo para viajar a Boituva, cidade do casamento. Precisávamos sair às 9h para chegar por volta de 11h30, almoçar e nos prepararmos para vestir a noiva. Arquei com todos os custos: combustível, almoço, hospedagem em hotel (cujo tenho todos os comprovantes de custo da viagem totalizando 1780$ reais), além dos lanches de estrada. Fomos eu, e duas assistentes, devidamente arrumadas, como faço em todos os casamentos que visto pessoalmente minhas noivas, pois acredito que a presença da estilista de forma impecável é também parte do atendimento de excelência. 

 A chegada em Boituva

Saímos de São Paulo às 9h, pontualmente, como planejei. Minha assistente Kat, que dirigia, e eu já saímos arrumadas: fizemos cabelo e maquiagem antes de pegar a estrada para garantir que chegaríamos prontas para vestir a noiva. Nossa programação era chegar em Boituva próximo ao meio-dia, almoçar, passar no hotel para deixar as malas, trocar de roupa e seguir para a casa que a noiva alugou exclusivamente para o make-off. 

Durante o trajeto, gravei vídeos para minhas redes mostrando os bastidores do grande dia e nossa rotina desde cedo. A viagem correu bem até chegarmos em Boituva. Chegamos ao hotel por volta das 12h40. 

Planejei que sairíamos do hotel às 13h40, já que o local onde a noiva estava ficava a 13 minutos do hotel. Mas minha assistente Kat, exausta pela maratona de trabalho da semana, pediu para descansar 20 minutos. Deixei-a deitar enquanto eu ajustava os últimos detalhes. Logo depois, acordei a Kat e começamos a nos arrumar. Aproveitei para gravar um vídeo mostrando meu look — que muitos seguidores esperavam ver — e o da Kat também. 

Saímos do hotel no horário certo, mas, o GPS nos levou para o endereço errado, gerando o primeiro estresse do dia. Quando o GPS recalculou, indicava que ainda levaríamos mais 15 minutos até o local certo. 

 Mandei mensagem para a noiva explicando o atraso, pedindo desculpas e avisando que estávamos a caminho. Ela respondeu calma, dizendo que ainda estava terminando o cabelo — o que já me preocupou, pois, pelo horário, ela deveria estar pronta para eu vesti-la. 


Chegada na casa da noiva: clima de correria e primeiras interações 

 Chegamos por volta das 13:45hs. A casa estava cheia de madrinhas, mãe, e amigas, enquanto as mulheres principais do casamento se arrumavam. Assim que entrei, fui cumprimentada pelas madrinhas, que ja me conheciam do tiktok, uma delas perguntou se poderia fazer uma foto comigo, expliquei educadamente que, naquele momento, eu estava ali como estilista, não como influenciadora. Disse que faríamos fotos depois, na festa, quando eu estaria mais livre, mas que naquele momento precisava focar 100% na Andréia para garantir que tudo saísse perfeito. 

 Segui até o quarto onde a noiva estava. para minha surpresa, a noiva ainda não estava pronta: estava terminando o cabelo. Fiquei alarmada, pois sabia que isso comprometeria todo o cronograma de fotos e ajustes finais do vestido. 

Percebendo que o cronograma já estava comprometido, fui me sentar um pouco na área da piscina da casa para tentar aliviar minhas dores enquanto aguardava. 

 

O impacto do esforço e das dores físicas 

 Durante toda essa semana intensa, acumulei muito esforço físico. Para quem não sabe, tenho uma deficiência na mão e nos pés, resultado de queimaduras, e qualquer esforço repetitivo — como cortar renda, desenhar ou até mesmo segurar o celular por muito tempo — agrava minhas dores. Além disso, precisei atender outras noivas na semana, pois já havia compromissos marcados, e não pude desmarcar. O resultado foi um nível de dor que eu classificaria entre 9 e 10. 

 Nesse momento, já havia tomado meu remédio toragesic que para dores fortes inclusive usado para pós cirúrgico porem não aliviou muito de tão tensa que estava. Expliquei para minha assistente Kat que, se não conseguisse aliviar um pouco, talvez nem conseguisse completar o atendimento até o final do casamento. 

Ali, sentada perto da piscina, tentei manter a calma para continuar trabalhando, pois sabia que ainda tínhamos muitos ajustes finais do vestido para fazer e que eu precisava estar presente, atenta e forte para garantir que a noiva subisse ao altar impecável. 

 

O momento final antes do casamento: ajustes, tensão e bastidores 

. perto das 15h30, fui chamada pelo cerimonial para vestir a noiva. Embora o vestido estivesse pronto desde sexta-feira, ainda faltavam pequenos ajustes essenciais, que só poderiam ser feitos no corpo para garantir o caimento perfeito — algo totalmente normal inclusive ja feito com outras noivas no histórico do ateliê. Entre esses ajustes, precisávamos cortar o excesso de uma camada interna de renda chantilly que não havia sido aparada antes, pois ela precisava descansar pra ser cortada irei explicar melhor sobre isso na frente. Esse corte seria feito no dia mesmo, de forma limpa, e depois, na devolução do vestido, eu ajustaria a barra definitivamente para venda. Aqui um vídeo de detalhes do dia que foi postado:




O processo foi extremamente corrido: enquanto eu gravava as cenas para o vídeo, minhas duas assistentes ajudavam colocar o vestido, depois o sapato(ela colocou o sapato da loja parceira somente para o vídeo e fotos oficiais porém utilizou o que tínhamos usado no teste que era mais baixo) depois minha assistente Kat aparava a barra ali mesmo, com a noiva já vestida. Tudo isso porque Andréia queria fazer o famoso “first look” com as madrinhas e padrinhos — o momento em que eles a veriam pronta pela primeira vez, gerando as reações emocionadas. E conseguimos! Temos vídeos que registram a cena: as madrinhas e padrinhos aplaudindo, elogiando o vestido, e até comentando que ela parecia uma princesa da Disney. Muitos fizeram questão de vir me parabenizar pessoalmente, dizendo que eu havia “calado a boca de todo mundo” com o resultado. 

Naquele momento, senti um orgulho imenso do meu trabalho e da minha equipe. Foi um feito digno de comemoração: não é qualquer estilista que entrega um vestido de alto padrão, rico em detalhes e com caimento impecável, em apenas cinco dias. Agradeci à Kat ali mesmo, reconhecendo seu esforço naquela semana de maratona, aqui strories do dia que mostram o horário em que estávamos a casa e alguns detalhes.




A trend combinada e o primeiro sinal de problema 

 Como parte do combinado da parceria, conversei com Andréia sobre as postagens: deixei claro que, como pagamento pelo vestido, precisaríamos de vídeos em colaboração (collab) para potencializar o engajamento e transformar o trabalho em novos contratos. O primeiro vídeo que propus seria uma trend viral do TikTok, inspirada em “O Diário da Princesa”, mostrando fotos dela antes da transformação e finalizando com a cena dela pronta, como uma princesa. Essa trend era fundamental para chamar atenção e criar expectativa para o vestido completo.



 

Já havíamos acertado com a cerimonial a entrega de fotos da noiva “desarrumada” para compor a montagem da trend. Porém, como os ajustes finais atrasaram e só terminamos a revelação do first look por volta das 16h30 — e ainda tínhamos cerca de 30 minutos de viagem até o local do casamento —, o tempo ficou extremamente apertado. Conseguimos fazer apenas um take, mas felizmente deu certo. 

O improviso com a logística 

Quando tudo estava pronto para ela sair, Andréia perguntou quem a levaria para o casamento — e só então percebi que ela não tinha providenciado transporte. Todos os padrinhos já haviam partido, e a cabeleireira também estava com o carro cheio. Sobrou para mim levá-la no carro da minha assistente Kat, que nem ar-condicionado tinha, apesar do calor. Levamos a noiva assim mesmo. 

Em nenhum momento durante a gravação da trend, a Andréia disse que também queria fazer esse vídeo. Ela apenas comentou que a cerimonialista havia manifestado interesse em fazer algo parecido, mas não confirmou nada comigo. Inclusive, a única trend que a cerimonial chegou a me perguntar se seria possível gravar foi uma envolvendo o véu, que acabou sendo o primeiro vídeo publicado no feed da Andréia com o vestido. 

Após terminarmos a gravação, começamos a nos organizar para sair, e, para nossa surpresa, quando perguntei à Andréia como ela iria para o local da cerimônia, ela disse que não sabia, que imaginava que alguém estaria do lado de fora para buscá-la — mas não havia ninguém. Todos os padrinhos e madrinhas já haviam saído, e ficou claro que não havia sido planejado nenhum carro para levá-la, nem foi deixado algum convidado responsável por isso. 

Diante da situação, ofereci que ela fosse conosco, e assim aconteceu. Detalhe importante: quando digo “nosso carro”, era o veículo da minha assistente Kat, que nem ar-condicionado tinha — e, naquele dia, fazia muito calor. Ainda assim, a levamos, como comprovam fotos e vídeos que registramos. 

Chegamos ao local da cerimônia por volta de meia hora antes do horário inicialmente programado para o início, o que seria um atraso pequeno e comum em casamentos. Porém, mais adiante, veremos que o atraso acabou sendo muito maior. 

Ao chegarmos ao local do casamento, fui procurar a cerimonial para saber onde deixá-la. Como a cerimônia também estava atrasada, consegui colocá-la no carro de um tio, mais confortável, enquanto aguardava. Durante esse tempo, Andréia fez uma live no TikTok, onde, emocionada, disse que nunca tinha se sentido tão linda, que o vestido era a realização de um sonho, elogiou meu trabalho e agradeceu diversas vezes. Salvei esse vídeo, que depois ela chegou a postar em seu perfil. 

 

O registro e a viralização 

A cerimônia, que deveria acontecer ao pôr do sol, começou atrasada e ficamos ali esperando para começar e ajudar ela a sair do carro, quando chegamos passamos ela pro carro de um amigo. 

 Ainda assim, fiz registros do momento em que ela entrou. Assim que consegui sinal de internet no local, postei nosso vídeo da trend tanto no TikTok quanto no Instagram. O vídeo viralizou rapidamente, com comentários destacando a beleza do vestido, a ousadia de confeccionar algo tão grandioso em apenas cinco dias e o trabalho impecável do ateliê. 

No entanto, assim que publiquei o vídeo, como combinado, comecei a tentar contato com a assessora para aprovar a colab do vídeo no instagram mas ela simplesmente me ignorava. Enquanto isso, as dores que eu vinha sentindo desde cedo voltaram com força, e a cerimônia já estava terminando. Após a entrada da noiva, ela e o noivo ficaram no altar fazendo fotos e vídeos, enquanto as madrinhas e convidados iam subindo para a festa. Eu sabia que ainda precisava registrar alguns conteúdos e estava esperando para ver se a Andrea subiria logo, mas o tempo passava e a situação ficava cada vez mais cansativa para mim. 

Já eram quase sete da noite e nós só tínhamos almoçado; minha equipe estava exausta. Iriamos esperar para fazer os últimos registos pôs cerimonia e aguardar pelo menos o jantar. Concordei em permanecer apenas para comer, sem intenção de ficar para a parte festiva. 

Nesse meio tempo, fui checar novamente como estava o andamento para ver se a Andrea subiria logo. Quando cheguei, ela estava em uma sessão de fotos no momento exato em que o noivo a presenteava com um colar — que, mais tarde, será importante na história. Durante as fotos a cerimonial chegou com o presente, foi quando ela recebeu o colar e um buquê de girassóis, ficou emocionada, mas apenas guardou o colar na caixinha e continuou posando para fotos. 

Ainda assim, permaneci esperando, e apos esse momento aproveitei para abordá-la de forma calma, no canto, e lembrá-la: “Andrea, eu postei nosso vídeo faz mais de uma hora, mas a sua assessora não aceitou a colaboração até agora, e ela disse que o primeiro vídeo do seu perfil precisa ser você sozinha, sem collab. Expliquei que nosso combinado era outro e que tínhamos definido postar juntas como estratégia para potencializar o alcance — afinal, esse era o principal objetivo da parceria. 

Reconheço que meu maior erro foi não ter formalizado tudo em contrato. Se eu tivesse colocado uma cláusula estabelecendo que a postagem deveria obrigatoriamente ser em collab, teria uma base legal para exigir o cumprimento do combinado ou, em caso de descumprimento, aplicar multa. Essa foi uma das maiores lições que tirei desse episódio: não fazer mais parcerias sem contrato assinado, mesmo em casos aparentemente simples como parcerias de conteúdo para redes sociais. 

Enquanto aguardava o andamento da festa, sentei-me num sofá na recepção para descansar, pois as dores estavam voltando com força. Fiquei sendo abordada o tempo todo por madrinhas e convidadas que vinham elogiar o vestido e pedir fotos, e mesmo exausta, mantive a simpatia, como sempre faço. Mas o cansaço e a dor já estavam me deixando no limite. 

Nesse momento, resolvi recorrer a outra forma que utilizo a 5 anos para aliviar as minhas dores, o uso de canabis medicinal ( cigarro de maconha) e claro tinha total consciência que ali não era o local deu acender esse tipo de cigarro no meio de todo mundo, principalmente em um casamento tradicional, resolvi tentar outra forma para trazer alivio através de uma bebida alcoólica que não e o indicado visto que ja tinha tomado um outro analgésico a menos de três horas mas estava realmente exausta e com muita dor então e pedi à minha assistente kat que fosse até o bar buscar uma dose de gin para mim.. 

 A Kat foi até o bar, mas o bartender se recusou a entregar a bebida para ela levar até mim, exigindo que eu mesma levantasse para pegar, ela explicou que se tratava de uma PCD e que por direito ele deveria sim atende-la no meu lugar, desconsiderando totalmente meu direito de atendimento preferencial como pessoa com deficiência. 

Ela voltou e relatou o ocorrido dizendo que ele mandou eu ir la buscar pois a noiva havia passado uma regra de autorizar uma bebida por convidado. 

Diante disso, mesmo com dor, fui até o bar e expliquei de forma firme ao bartender que, por lei, eu tinha direito a atendimento preferencial e que ele deveria ter autorizado minha assistente a trazer a bebida, falarei mais desse episódio la na frente explicando melhor pois foi uma situação muito distorcida posteriormente. 

 Após um momento constrangedor, ele se desculpou e preparou meu drink. Voltei ao sofá, bebi para aliviar um pouco as dores, mas percebi que não seria o suficiente. 

Antes disso, enquanto esperava, conversei com um padrinho próximo da Andrea, que parecia ser muito amigo dela. Mesmo com a bebida apos alguns minutos a dor não melhorava então decidi ir ate o carro com Kat para fumar e tentar diminuir a dor para conseguir ficar mais tempo pois ainda havia conteúdos e cenas para gravar, continuei conversando com o padrinho e como é comum entre jovens em São Paulo( comum sim são Paulo em vários eventos grandes e pequenos inclusive casamentos existe um numero razoável de pessoas que fumam canabis e nem e pra uso medicinal) acabei perguntando no instinto se ele queria ir também, imaginando que talvez ele fumasse também, mas ele recusou educadamente. Então fui até o carro com minha assistente para fumar com discrição, longe dos convidados, dentro do carro fechado a mais de 400 metros de distancia, para aliviar a dor e conseguir permanecer no evento pelo tempo necessário. 

Quando voltamos, o jantar já estava sendo servido. Fomos orientadas a seguir para um salão separado do ambiente principal, onde havia sido montada uma mesa apenas para os fornecedores — como fotógrafos, equipe de vídeo e nós. Era um espaço simples, sem a mesma decoração do salão principal, mas onde seria servido nosso jantar. Achei a situação desconfortável, considerando que todos estávamos ali prestando serviço, muitos de forma gratuita ou em parceria, mas ainda assim fomos separados dos demais convidados. 




Chegamos na área reservada para o jantar, comemos, e é visível em fotos e vídeos como eu já estava completamente exausta — meu rosto e corpo demonstravam o desgaste extremo daquela semana intensa. Já passava das nove da noite, e depois de jantar virei para a Kat e disse: “Vamos embora, por favor, eu não aguento mais, estou exausta, o clima está estranho, eu só quero ir para o hotel.” Antes de sair, fui até a Andréia, pedi desculpas por não poder ficar mais e expliquei que, se precisasse prender a cauda do vestido, a cerimonialista poderia ajudá-la. Nos despedimos rapidamente, tirei uma última foto com ela e com o noivo — foto que ainda tenho salva — e finalmente pude ir para o hotel descansar, pois estava com muita dor e extremamente cansada. 

Chegando no hotel, editei alguns stories e preparei takes para postar no dia seguinte, enquanto o Fábio, meu noivo, trabalhava na edição do documentário sobre a confecção do vestido. Acordamos cedo no domingo, fizemos check-out por volta das 10 da manhã, pois eu estava ansiosa para chegar em casa e descansar um pouco com o Fábio — e também porque ele precisava finalizar o vídeo do documentário do vestido para lançarmos na segunda-feira. 

Esse segundo vídeo era o mais importante de toda a parceria: um documentário completo mostrando o processo de criação do vestido em cinco dias, desde o briefing até a entrega. Eu sempre faço esse tipo de vídeo quando produzo vestidos impactantes, pois gera muito engajamento e é uma peça chave para lançar cursos e divulgar meu trabalho para outras noivas. Já tínhamos combinado com a Andréia que ele seria postado em duas partes a primeira no domingo à noite, e a segunda na segunda feira a noite em collab entre os nossos perfis — estratégia essencial para converter audiência, já que, além de mostrar o processo, incluiríamos o sorteio de um vestido igual ao dela para futuras noivas, enquanto disponibilizávamos o modelo original no site por R$ 18 mil. 

Esse investimento foi alto: só naquela semana, gastei mais de R$ 7 mil com materiais, alimentação, transporte para minha equipe, hospedagem e custos extras. Inclusive, precisei cancelar minha viagem para passar o Dia das Mães com meus filhos em Goiânia, pois todo o dinheiro que tinha separado foi investido no vestido — esse foi, para mim, um dos maiores danos morais dessa história. 

No domingo, depois de deixarmos Boituva, ainda enfrentamos outro contratempo: o carro da Kat quebrou na estrada. Tivemos que esperar o guincho chegar, primeiro sendo levadas a um posto de gasolina onde almoçamos por quase R$ 200, e só depois outro guincho, vindo de São Paulo, nos resgatou. O trajeto de volta foi lento; chegamos em casa por volta das 19h, exaustas, mas aliviadas por ter terminado tudo. 

Na segunda-feira, continuamos trabalhando no documentário. Fábio finalizou a edição por volta das 18h, e enviei o vídeo completo para Andréia antes de postar, para que ela pudesse assistir e aprovar ou sugerir alguma alteração. Ela respondeu dizendo que o vídeo estava perfeito, que tinha chorado assistindo, que era um momento inesquecível para ela, e agradeceu mais uma vez pelo trabalho — mostrando que, até aquele momento, ela ainda demonstrava gratidão por tudo que havíamos feito 

No dia do lançamento do documentário, passamos o dia inteiro criando expectativa nas redes sobre o vídeo, destacando que haveria um presente especial para as noivas: o sorteio de um vestido idêntico ao modelo feito para a Andréia. Logo nos primeiros 15 minutos de postagem, tivemos mais de 200 comentários de noivas interessadas, o que mostrou que o vestido realmente gerou grande desejo, atingindo o objetivo principal da parceria. 

Por volta das 20h, horário combinado, publiquei o vídeo em meu perfil e, como havíamos alinhado, mandei mensagem para a Andréia avisando que o post já estava no ar. Como ela não respondeu, enviei também para a assessora, que havia sido designada por ela para cuidar das postagens enquanto estivesse em lua de mel. A assessora visualizou minhas mensagens, mas não respondeu e tampouco aceitou a collab — algo essencial para o sucesso da postagem, já que, sem a aceitação imediata, o Instagram reduz drasticamente o alcance do vídeo. 

Fui insistindo até às 21h, sem retorno de nenhuma das duas, e ali já percebi que a situação não caminharia bem: a collab era a única contrapartida acertada com a Andréia, pois ela não havia pago nenhum valor pelo vestido ou pelos serviços. E se a collab não fosse aceita a tempo, todo investimento feito — materiais, equipe, logística — estaria perdido. Ainda assim, não apaguei o post, pois se tratava de um sorteio e não poderia prejudicar quem já havia comentado, documentário completo abaixo:. 




Na manhã seguinte, terça-feira, enviei nova mensagem para a assessora pedindo que aceitasse a collab imediatamente, explicando que o post tinha sido programado para a noite anterior por estratégia, e que o combinado não havia sido cumprido. A resposta que recebi foi extremamente grosseira: a assessora disse que os fornecedores estavam “em cima da Andréia como urubus”, que ela estava em lua de mel e precisava de paz, e que só aceitaria a collab depois que fizesse um post sobre as doações para as enchentes do Rio Grande do Sul — tema que, apesar de muito importante, não tinha relação com nosso combinado. 

 

Mantive a calma, mas fiquei indignada com a postura. Encaminhei o áudio agressivo da assessora para a própria Andréia(esse audio estara na proxima parte quando relatar os fatos separadamente), junto de uma mensagem explicando, de forma profissional e respeitosa, meu descontentamento com a situação, lembrando que havíamos alinhado as postagens antecipadamente e que eu havia trabalhado de graça — e o mínimo que esperava era o cumprimento do acordo de divulgação. 

A Andréia respondeu pedindo desculpas, afirmando que a mensagem da assessora não refletia o que ela pensava, que reconhecia o trabalho e dedicação que eu e minha equipe tivemos, e agradeceu novamente por tudo — conversas que estão salvas como prova. 

Após a Andrea finalmente aceitar a collab, por volta do meio-dia, a postagem já não alcançou o potencial máximo que teria se tivesse sido aceita no momento combinado. Esse atraso prejudicou bastante o desempenho do post, especialmente no Instagram. No TikTok, não havia como fazer collab, então eu já tinha postado por lá, onde o vídeo estava rendendo muitos comentários e interações — inclusive, várias pessoas migraram para o Instagram para participar do sorteio. Ainda assim, mesmo muito chateada, preferi relevar a situação, já que o casamento já havia acontecido e não havia mais o que fazer. 

Naquele momento, meu foco passou a ser a finalização do vestido da Bel, cujas fotos e vídeos seriam produzidos na quarta-feira. Vamos falar sobre o caso da Bel em detalhes após concluirmos o relato do caso Andrea, seguindo a ordem cronológica dos acontecimentos. Na terça-feira, então, dediquei-me a organizar as fotos e acompanhar os comentários que chegavam. A maioria elogiava não apenas o vestido, mas também a beleza da Andrea. Em diversos momentos, ela mesma me agradeceu por ter realizado o sonho dela, dizia que se sentia perfeita e que nada que alguém falasse poderia tirar sua alegria. 

Como o vestido foi feito em regime de primeiro aluguel, ele precisava ser devolvido ao ateliê para integrar nosso acervo — tanto como mostruário para outras noivas interessadas no modelo, quanto para compor nosso catálogo online. Aliás, o vestido da Andrea já havia sido adicionado ao nosso site, disponível para futuras noivas que quisessem encomendá-lo sob medida. Quando trabalhávamos com influenciadoras ou clientes de destaque, era praxe manter o vestido original para que futuras clientes pudessem ver pessoalmente a qualidade do trabalho, mesmo que o modelo não servisse nelas devido a diferenças de medidas. 

Contudo, a Andrea não me avisou que deixaria o vestido com o padrinho — o mesmo que aparece no episódio do convite para fumar. Ele só foi devolver a peça dias depois, enviando-a por Uber, sem qualquer cuidado ou acompanhamento pessoal, o que considero um descuido, já que se tratava de um vestido exclusivo, de alto valor e feito gratuitamente. Se algo tivesse acontecido no transporte, como extravio ou dano, o prejuízo recairia totalmente sobre o ateliê. O vestido chegou bastante sujo, sendo necessária uma lavagem completa em lavanderia, feita duas vezes, para restaurar a peça, que então passou a integrar nosso acervo. 

 


Alguns dias depois, sem contato entre nós, a Andrea voltou a falar comigo. Ela pediu que eu retirasse do ar o documentário “Parte 1” do vestido, pois nele aparecia um trecho de nossa conversa onde ela reclamava da estilista que havia feito seu vestido anterior, na França. Mesmo sem citar o nome da outra profissional ou exibir imagens claras de quem era, essa estilista ficou sabendo do conteúdo e entrou em contato com a Andrea, exigindo que o vídeo fosse removido, alegando que estava sendo difamada. 

A Andrea, então, pediu que eu excluísse o vídeo. Expliquei que seria muito difícil removê-lo naquele momento, já que ele já estava no ar há dias, acumulava um engajamento importante e, se eu apagasse, perderia completamente o alcance já conquistado, o que inviabilizava repostá-lo com o mesmo resultado. Deixei claro que, em minha visão, não havia nenhum problema na mensagem exibida, pois não havia qualquer menção ou identificação direta da estilista em questão. A Andrea insistiu que conversaria com seu advogado, pois a situação estava se tornando desconfortável para ela, devido à pressão da estilista francesa. 

Curiosamente, nesse episódio, a Andrea mostrou disposição imediata para atender às exigências da outra estilista, que não tinha contribuído em nada para ajudá-la naquele momento, enquanto comigo, que realizei todo o trabalho de forma gratuita e em tempo recorde, ela não demonstrou a mesma consideração.  

Outro ponto que fica evidente nas mensagens, inclusive pela data registrada, é que a Andrea me enviou esse pedido no dia 18 de maio, um sábado. No domingo, eu tirei o dia para descansar, pois vinha de semanas exaustivas. Já na segunda-feira, foi quando publiquei o vídeo da Aline, que gerou uma grande repercussão. Só na terça-feira, dia 21 de maio, consegui responder a Andrea, pois a rotina estava extremamente corrida e acabei me lembrando do pedido dela apenas naquele momento.

Na mensagem, Andrea já inicia indicando o contato do advogado dela, demonstrando que havia acompanhado a polêmica envolvendo o vídeo da formanda Aline, que estava viralizando no TikTok. Eu agradeci a preocupação dela e comentei que diversos advogados já estavam entrando em contato comigo para oferecer ajuda diante da proporção que o caso da formanda estava tomando. Expliquei detalhadamente a situação para a Andrea, que inclusive comentou que não entendia como aquilo tinha se transformado em polêmica, já que a própria formanda havia dito publicamente que tinha gostado do vestido. Esse trecho mostra claramente que, naquele momento, Andrea estava ciente de toda a situação envolvendo o caso da formanda e do contexto que estava se formando nas redes.

É a partir daqui que vamos iniciar a próxima fase deste caso, abordando o vídeo que deu origem a toda polêmica — publicado pela madrinha da Andrea —, que trouxe acusações sérias sobre minha conduta no casamento, além de insinuações de racismo e outros ataques. 

Nos próximos posts, vamos analisar o vídeo da madrinha, em seguida o posicionamento da própria Andrea, e depois destrinchar cada ponto do que foi dito, apresentando provas e esclarecendo a verdade dos fatos. Por fim, vamos abordar o impacto que toda essa situação causou não apenas na minha vida pessoal, mas principalmente na minha carreira profissional. 

 

 



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