CASO 5 - VIDEO 1 PATRICIA

 Relatório – Caso Patrícia Lélis – Vídeo 1

1. Identificação do Vídeo

• Título: Vídeo 1 – Patrícia Lélis x Juliana Estilista
• Data da Publicação: 19/09/2024
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• Comentários: 237
• Autor(a): Patrícia Lélis
• Perfil analisado: Juliana Estilista

2. Relato Completo – Patrícia Lélis

“O dia em que eu tive problemas com a Juliana Estilista, sim, infelizmente o meu dia chegou, mesmo depois de eu sempre ter defendido ela em todas as tretas, ter ficado do lado dela, ter inclusive ajudado ela a pagar custos de processo... o meu dia chegou.

Lembrando que eu não tenho o menor intuito de jogar hater na Juliana, de que ela receba hater, não, ela resolveu me mandar uma direta no Instagram, em vez de me mandar uma mensagem no WhatsApp, de me responder, né... ela resolveu mandar uma indireta para mim no Instagram.

Eu tive que envolver o meu advogado, que inclusive é o mesmo advogado dela, porque ela estava sem advogado e eu recomendei meu advogado para ela, e ele teve que entrar no meio da situação para resolver.

Então, já que ela está jogando indiretas, e eu acho que como duas mulheres maduras que somos, isso não cabe mais aqui, então como toda história tem dois lados, eu vim logo dizer qual foi o meu lado e qual é a minha situação. Existem duas situações:

Situação número um: produto que eu já paguei e não recebi, e eu achei que ela iria customizar, descobri no final que não era ela que iria customizar.

Situação número dois: é um contrato de um vestido que eu acabei não fechando com ela, e ela ficou muito chateada por isso pelo jeito, e chateada também porque ela me mandou um orçamento, mas eu acabei não fechando com ela, e pelo que eu vi ela ficou chateada porque ela perdeu tempo me mandando esse orçamento, mas em nenhum momento, por exemplo, ela me cobrou por esse orçamento, sendo que ela poderia ter me cobrado e eu teria pago tranquilamente.

Aqui está a situação número um: 20 de junho eu pago R$ 780 pra Juliana fazer uma customização pra mim. Eu sei que isso não é muito dinheiro, que é um dinheiro baixo, irrisório, mas bom, eu paguei por algo que eu esperava receber e que até o momento não recebi, e Juliana não me responde mais.

Como vocês podem ver, em agosto eu já começo a perguntar sobre a questão do sobretudo, começo a perguntar quando é que vai ficar pronto. 7 de agosto eu volto a perguntar, aqui eu falo blazer, mas eu queria falar sobretudo, enfim, não trabalho com moda, aí tá, 9 de setembro eu volto a perguntar de novo, não me responde, aí dia 10 quando ela finalmente me responde, ela fala que tá indo fazer outra coisa, lembrando gente que eu só borrei isso daqui porque é um assunto pessoal dela que eu acho que seria antiético da minha parte expor ali o que ela estava fazendo.

Enfim, o que quero mostrar é que ela não estava me respondendo. 11 de setembro, a palhaça tá lá de novo perguntando cadê, aí ela me manda esse áudio aqui que, gente, uns três segundos do áudio é sobre a minha peça, que ela fala: ‘Ah, eu vou entrar em contato com o cara lá pra perguntar se ele já terminou, e aí eu te aviso.’ E o resto do áudio é sobre um assunto nada a ver, que ela claramente desviou de assunto, mas tudo bem.

Lembrando que eu tinha falado lá no 9 de setembro que eu precisava do negócio para esse mês, mas fiquei no vácuo, aí beleza, mandei segunda, mandei terça, essa semana, isso aqui nem olhou, mas tá toda hora no Instagram, vendo meus stories, gravando vídeo pro TikTok, pro Instagram, o que não tem problema, ela faz o que ela quiser com o tempo dela, mas como cliente, eu espero uma resposta.

Aí foi indo, na terça-feira eu mandei para ela um textinho, e tudo mais, não sei porque aqui a imagem aparece maior, tem que sair picotando a imagem, enfim, mas mandei pra ela, não me respondeu também, enfim, não me respondeu mais, e aí foi quando ontem eu avisei pro meu advogado, ele entrou na situação, e a Juliana resolveu responder o Thales, mas me responder mesmo, zero. Aí eu descobri através do Thales que essa peça que eu mandei pra customização supostamente já está pronta, só que muito me choca porque eu não aprovei nenhum design, nada, e eu tinha pedido pra ela compartilhar comigo o que seria feito e tal, nunca foi compartilhado, e ela disse pro Thales que tá pronto, enfim, nunca nem vi uma foto, tô bem chateada com isso, mas ok.

Situação número dois: eu sempre conversei ali com a Juliana, principalmente quando ela tava sendo cancelada, sempre defendi, sempre fui contra o hater que a Juliana recebe. Nisso, eu falei pra Juliana que o ano que vem faço uma renovação dos meus votos de casamento, eu sou casada há muito tempo, e o ano que vem faço renovação desses votos, e estou organizando essa renovação de votos, guardem bem essa informação.

Inicialmente, falei pra Juliana que eu gostaria de fazer meu vestido com ela, e eu mandei inspirações, aí essa aqui é outra inspiração que eu mandei, esse aqui é o WhatsApp do ateliê, ela tem o WhatsApp pessoal e o WhatsApp do ateliê, e a gente conversava pelos dois. No dia 20 de agosto ela me manda o desenho do que ela fez, um pouco distante daquilo que eu tinha pedido inicialmente, porque novamente, não é assim, uma coisa muito grande, é uma renovação de votos, mas enfim, muito bonito, gente, a arte dela é linda, Juliana é artista, eu acho que ninguém pode realmente questionar isso, achei bem bonito, um pouco fora do que eu tinha pedido, mas bonito.

Eu inclusive achei que ela trouxe uma proposta muito legal, porque eu mandei pra ela o lugar que eu ia fazer e achei que ela trouxe uma proposta diferente daquilo que eu tava pensando, mas muito bonita, muito legal. Eu falei: ‘Gostei muito, vou fazer, gostei, tá de boa.’

Nesse meio tempo, a Juliana já sabia desde o início que eu estava tendo um problema em conseguir a data que eu gostaria no local onde eu vou fazer a renovação de votos. Ela sabia disso desde o início, eu falei pra ela isso, falei: ‘Estou tentando trabalhar com eles, mudar o mês, porque o mês que eles têm lá não funciona pra mim, então tô tentando mudar o mês’, inclusive ela me sugeriu um mês que ficaria bom pra ela, porque seria um mês que ela estaria no mesmo lugar e poderia me ajudar e fazer parte daquilo ali.

Aconteceu que desde então eu estou tentando negociar com esse local, e apenas essa semana, na segunda-feira, foi quando finalmente chegamos em uma data que funcione pro local e pra mim, e a Juliana sabia disso, eu sempre deixei isso muito claro pra ela.

E aonde foi o meu erro, que eu posso ter errado, inclusive peço desculpas se esse foi o meu erro que deixou a Juliana chateada, é que ela me mandou o vestido, o desenho, com o contrato, e eu falei pra ela: ‘Olha, eu só vou fechar mesmo quando eu tiver a data exata do meu lugar, se eu tiver conseguido o lugar que eu quero, porque se eu tiver que mudar de lugar, a gente vai ter que mudar a proposta do vestido, porque por mais que o vestido que ela tenha me enviado não tenha sido exatamente aquilo que eu estava pensando, mas tenha ornado muito bem com o lugar, pode ser que o lugar não funcionasse e eu teria que modificar o vestido, e assim, eu não sei, eu não trabalho com moda, foi isso que eu pensei.’

Aí no dia 28 de agosto ela me manda uma mensagem perguntando se eu ia fechar o pedido até sexta, e eu falei: ‘Não, até sexta não, principalmente porque eu ainda não consegui fechar a data do local.’ Aí aqui é a resposta que ela me deu: ‘Tudo bem, quando você fechar a data, me avisa que eu faço o orçamento novamente baseado no dólar.’ E eu disse: ‘OK.’

Aí no dia 29 ela novamente me mandou a mensagem e eu tinha conversado com o local no dia anterior, não tinha conseguido ainda a minha data, e aí eu respondi, vamos ver aqui, eu respondi: ‘Tudo bem, se a bordadeira não puder, a gente pensa em outra coisa’, fui bem clara quanto a isso.

E um adendo: aqui tá 7h30 da manhã porque é meu horário, no caso pra ela deveria ser 10h40, é porque são horários diferentes, então não vão atacar a mulher por conta disso, é porque realmente o fuso horário é diferente.

Bom, enfim, acabou que eu só consegui fechar a data do local essa semana, na segunda-feira, eu estava esperando para comunicar isso a ela, mas ela já não estava me respondendo porque eu já estava perguntando sobre a outra peça que eu já tinha pago, que eu precisava usar agora esse mês e que eu não recebi, enfim, ela não tava me dando nenhuma resposta sobre isso.

Então é isso, ela ficou chateada porque eu não fechei ali o contrato com ela logo no dia seguinte, porque na minha cabeça fazia mais sentido eu fechar o local primeiro, não sei como é que as pessoas fazem, mas pra mim isso fazia sentido, eu não sabia que eu tinha que pedir um orçamento pra pagar no dia seguinte, devo ter errado aí.

Aí quando foi hoje, eu abro lá o Instagram, tá lá a Juliana mandando várias indiretas pra mim porque ela me deu o orçamento e eu não fechei o contrato com ela ainda. Aí eu mandei esse textinho aqui pra ela e falei: ‘Olha, já que você quer receber pelo orçamento que você me deu, tudo bem, você pode inclusive descontar do valor que você já me deve, que eu te emprestei para você pagar as custas processuais.’

E aí, pra história ficar ainda mais bizarra, meu advogado conseguiu conversar com ela hoje sobre essa situação, e aí foi quando ela disse que mesmo sem eu ter assinado o contrato, ela tem a intenção de me cobrar porque ela fez um orçamento e tal, ela tem a intenção que eu tive de fechar o contrato com ela, é isso.”

3. Análise Técnica dos Fatos

O que realmente aconteceu, de acordo com documentos e práticas do ateliê:

1. Pedido de customização:
- Patrícia contratou um serviço de customização no valor de R$ 780,00, que ela mesma diz considerar um valor irrisório, mas que, para qualquer profissional autônomo, é um valor relevante por envolver tempo, materiais e reserva de agenda.
- A customização não é serviço padronizado, depende de aprovações e de comunicação entre as partes.
- Pelo relato da própria Patrícia, não houve aprovação final de design, o que é etapa obrigatória antes da execução.
- O acompanhamento por mensagens demonstra que o atraso no serviço gerou ansiedade, porém não houve negativa formal do serviço ou recusa em entregar.
- Não há qualquer menção de tentativa de solução amigável antes da exposição pública.

2. Orçamento de vestido e frustração do negócio:
- O orçamento foi solicitado, desenhos foram enviados conforme briefing, mas a cliente só confirmaria se conseguisse data no local desejado para a renovação de votos – prática legítima e usual.
- O prazo para confirmação foi solicitado, e informado que orçamentos variam com o dólar e agenda de fornecedores.
- Não houve cobrança indevida: é direito do ateliê condicionar orçamento, desenho e reserva de agenda à confirmação do negócio.
- A frustração da cliente pela expectativa (não esclarecida) não justifica a exposição pública nem a indução de narrativa de má-fé.

3. Comunicação e atendimento:
- Mensagens podem ter sido lidas fora do horário de atendimento, com intervalos de resposta, mas não configuram abandono de cliente, principalmente em contexto de alta demanda e agenda cheia.
- Em nenhum momento há comprovação de má-fé, estelionato ou descaso profissional.
- Não há registro de tentativas formais de conciliação antes da divulgação do vídeo.

4. Comentários e Repercussão Pública

Reação dos seguidores (recortes de comentários):
- “A Juliana é completamente descompensada.” (346 likes)
- “Seríssima de mau caratismo, você acha mesmo que o mundo inteiro está errado e só ela certa?” (393 likes)
- “Gente, essa estilista é cheia de polêmica, como vocês ainda têm coragem de arriscar?”
- “Não tem como defender essa Juliana.”
- “Não pode ajudar um lascado, o lascado vira você.”
- “Essa pessoa não é digna de prestar serviços pra ninguém, é muita coragem confiar nessa Juliana.”
- “Louca, só faz polêmica, nasceu o karma na vida dela.”
- “Nunca vi isso, cobrar a pessoa porque solicitou orçamento.”
- “Você pagou pelo serviço, obrigação legal e moral dela é entregar.”
- “A conclusão é que você aguentou muito e foi simpática hein.”

Resumo: Os comentários, estimulados pelo tom do vídeo, consolidam narrativa de desconfiança, deboche, julgamento moral e ataque direto à reputação profissional da estilista, inclusive com linguagem agressiva e ofensiva, formando típico linchamento virtual.

5. Análise Jurídica: Crimes e Danos

Crimes Possíveis:

• Difamação (Art. 139, Código Penal):
  Ao expor publicamente e atribuir à estilista a pecha de “mau caratismo”, descompensação, desorganização e descaso profissional, causando desprezo e desconfiança pública.

• Injúria (Art. 140, Código Penal):
  Uso de adjetivos depreciativos (ex: “louca”, “descompensada”, “não é digna de prestar serviços”, “karma na vida”, etc.), dirigidos para atacar a honra subjetiva da profissional.

• Dano moral e concorrência desleal:
  A publicação expõe conversas privadas, deturpa fatos e gera prejuízo à imagem, afastando possíveis clientes e estimulando boicote virtual.

• Cyberbullying:
  O vídeo e os comentários intensificam o ataque em ambiente digital, com efeitos amplificados pela viralização (mais de 231 mil visualizações e 17 mil likes).

• Possível violação de confidencialidade:
  Divulgação de prints e detalhes de conversas sem consentimento, potencialmente ferindo direito de personalidade.

6. Conclusão

O vídeo analisado não apenas expõe uma narrativa incompleta e distorcida, mas incentiva a desvalorização do trabalho artístico, fomenta ataques em massa, prejudica a reputação e fere princípios de boa-fé e respeito profissional. O teor dos comentários comprova os danos à imagem, reputação e à saúde mental da estilista, sendo recomendável a apuração judicial dos fatos e a reparação dos danos sofridos.

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