O silêncio da imprensa
O Silêncio da Imprensa e a Força do Recomeço

Quando o Ministério Público concluiu pelo arquivamento das acusações — reconhecendo minha inocência e sepultando de vez todas as tentativas de me incriminar —, buscamos, como é direito de qualquer cidadão, o espaço de resposta nos mesmos veículos que amplificaram, por dias a fio, as versões distorcidas e sensacionalistas do caso. Globo, Record, portais locais: exigimos o mesmo destaque, a mesma audiência, a mesma urgência que foi dada ao espetáculo da minha dor.

O que recebemos? Nada. Nenhuma resposta, nenhuma retratação, nenhum pedido de desculpas.
Fui solenemente ignorada, como se a dignidade de uma mulher, mãe e pessoa com deficiência valesse menos do que a próxima manchete. Como se o direito de resposta só valesse para quem tem poder — e não para quem, como eu, só tem a própria verdade.
A única exceção foi o Jornal Opção, que publicou corretamente minha absolvição e noticiou a ação de danos morais. O resto segue circulando — matérias sem contexto, sem atualização, perpetuando mentiras sem uma simples nota de rodapé para reparar o estrago. Em 2020, tentamos, na Justiça, remover esses conteúdos dos buscadores. Mas, sem a imprensa admitir o próprio erro, prevaleceu o “direito à liberdade de expressão” — uma liberdade que, ironicamente, só serve para caluniar, nunca para reparar.
O recado foi claro:
No Brasil, a verdade de uma mulher, de uma mãe, de uma pessoa com deficiência, importa menos que o espetáculo do linchamento.
Se não temos dinheiro ou fama para garantir justiça, nos resta contar com a coragem de recomeçar — com as próprias mãos e com o próprio nome.
E foi o que fiz.
Transformei o palco do escárnio na vitrine da minha arte e da minha resiliência. Em 2019, o universo devolveu em forma de ironia poética: a editora-chefe do jornal que liderou minha difamação me procurou, me escolheu e confiou em mim para criar um dos dias mais importantes da vida dela — reconhecendo, publicamente, o absurdo de tudo o que foi feito comigo. A vida girou, o mundo virou.
Vieram a pandemia e novos desafios, mas, a cada tentativa de apagarem minha história, minha resposta foi — e sempre será — a mesma: crescimento, reinvenção, sucesso.
É esse renascimento constante que tanto incomoda. Porque, apesar de todas as tentativas de me silenciar, sigo em frente. E sigo calando o ódio com o peso da minha existência.
O faturamento com a mentira sem o real compromisso com a verdade
E que fique registrado: todo esse caso foi tratado de forma distorcida, desproporcional, sem nenhuma preocupação jornalística em ouvir os dois lados. Nenhuma reportagem séria foi feita. O vídeo circulou, matérias foram criadas sem apuração, e youtubers como Ismael, Jean Luca , Bruno e Betta , que se dizem inclusivos e justos, se aproveitaram da minha história para faturar, sem nunca terem me procurado para ouvir o meu lado.
Fica aqui, também, minha mágoa e minha denúncia: enquanto for mais rentável espalhar mentiras do que escutar a verdade, mulheres como eu continuarão sendo sacrificadas em praça pública.
Mas se alguém esperava minha queda, sinto dizer: sigo de pé.
Meu nome é Juliana, e minha arte, minha verdade e minha coragem valem mais do que qualquer manchete.
A história não termina aqui.
Termina, talvez, o capítulo do ódio.
O próximo será escrito com o que ninguém pode me tirar:
Resiliência, reinvenção e o direito de existir — em voz alta.
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