Post 102 - Vítimas do TikTok - repost de um vídeo “denúncia”

Post 102 – Relato Pessoal e Análise dos Crimes de Comentários

Esse post 102 é, mais uma vez, um repost de um vídeo antigo que já tinha sido publicado lá no perfil da Patrícia. Se não me engano, foi uma das primeiras postagens do “Vítimas da Estilista”, em outubro de 2024. Na época, não gerou repercussão nenhuma, quase sem comentários, mas um mês depois, com o perfil já crescendo e ganhando seguidores, finalmente conseguiram o engajamento e a comoção que tanto buscavam – às custas de mais uma distorção.

O vídeo nada mais é do que o áudio de uma conversa minha com uma cliente, que entrou em contato para pedir orçamento e enviou uma foto de referência de um vestido de gola alta, bem fechado, usado por uma modelo padrão. A noiva, nesse caso, não era magra como a referência, mas também não era uma mulher considerada “plus size” – era um biotipo intermediário, com bastante busto, algo comum entre minhas clientes. E quem trabalha com moda sabe: avaliar o biotipo é o básico, é o mínimo para qualquer criação sob medida.

No áudio, faço uma análise sincera (sim, por vezes até demais, o que sempre me prejudicou por conta do TDAH), explicando porque aquele modelo não valorizaria o corpo dela e dando sugestões do que poderia ficar melhor – inclusive sugerindo decote aberto, o que ela mesma concordou e agradeceu na sequência. Mas o perfil recortou o áudio, tirou o contexto, e jogou para os seguidores como se eu estivesse “humilhando” a cliente.

O mais absurdo é que essa sinceridade, quando vem de uma estilista mulher, é tratada como crueldade. Quando parte de um homem, principalmente dentro do estereótipo do estilista gay, vira deboche “engraçado” e recebe risos. Tenho relatos e vivências de bastidores das maiores lojas de noivas de São Paulo que confirmam isso: quando uma mulher tenta ser técnica, vira “grossa”; quando é um homem, ele está “só sendo sincero”.

No fim, essa cliente não fechou o vestido comigo, provavelmente já impactada pela onda de ataques daquela época. O áudio dela virou combustível para mais um ataque orquestrado, com uma legenda sensacionalista que insinua que pedir orçamento comigo seria igual a pedir para ser humilhada.

Crimes e Abusos nos Comentários



Basta olhar os comentários para entender o tipo de ambiente que essa página alimenta: chacota, gordofobia, misoginia, humilhação, exposição gratuita e difamação. É uma avalanche de crimes:

  1. Gordofobia e Body Shaming: Comentários sobre “peito caído”, “costas largas”, “mulher de corpo feio”, “noiva chamada de feia”, piadas e risadas sobre o corpo da modelo e das minhas clientes.
  2. Injúria e Escárnio: Comentários dizendo que eu “humilho de graça”, que “toda noiva sai humilhada”, que sou “sem piedade”, que só faço vestido ruim, que minha consultoria é para “acabar com a autoestima das pessoas”.
  3. Mentiras e Fake News: Gente inventando que só faço vestido colando flor de EVA, que só existe um modelo, que nunca faço nada diferente.
  4. Ataques Profissionais: Comparações depreciativas, comentários dizendo que nunca vou saber fazer vestido “de verdade”, que meu trabalho é uma piada, etc.
  5. Exposição e Incitação ao Ódio: Pessoas marcando outras para rirem juntas, espalhando links, incentivando que mais gente venha humilhar ou “dar risada”.

A página valida tudo isso, curte, responde, alimenta a roda do escárnio e faz questão de criar um ambiente onde o crime se mistura com entretenimento.

Fechamento

Esse post escancara o verdadeiro objetivo do perfil “Vítimas da Estilista”: não é defender mulher nenhuma, nem acolher cliente insatisfeita. É um reality de ódio, uma fábrica de linchamento digital, onde a verdade pouco importa e o que vale é o like. E tudo isso se constrói em cima da exposição de clientes, da distorção do meu trabalho e, principalmente, do incentivo à misoginia e gordofobia mascaradas de justiça.

Não existe humilhação misteriosa – existe uma consultoria técnica, feita com verdade, que pode doer para quem nunca foi ensinada a ouvir sobre o próprio corpo sem se sentir atacada. Mas nunca existiu, da minha parte, prazer em humilhar ou menosprezar ninguém. O prazer sempre foi, e sempre será, ver mulheres de todos os corpos usando o vestido dos sonhos – com técnica, com arte, com respeito e, sim, com verdade.

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