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Análise – Post 50 | Perfil “Vítimas da Estilista”
Data da publicação: 13 de outubro de 2024
Título inserido no vídeo: “Ela jura que é uma princesa”
Legenda: “Ela é uma fada?”
Tags utilizadas: #patricialelis #stalker #noiva #fofoca #vestidodenoiva #estilistajuliana
1. Contexto real do vídeo original
O vídeo publicado foi originalmente um story gravado por Juliana Aurora em tom irônico, durante um momento pessoal de autocuidado e organização doméstica. A estilista aparece pintando o cabelo e sobrancelhas, mostrando o ambiente da sua casa enquanto realiza a faxina, e brinca com a narrativa criada pela perseguição online — de que ela seria uma “golpista famosa” vivendo em segredo num “palácio luxuoso”. O tom é abertamente sarcástico:
“Vem comigo arrumar minha casa de estrelatária famosa… porque eu sou uma golpista milionária, né? Roubei 75 noivas pra comprar esse closet de aço inox.”
A intenção é clara: criticar com humor as acusações fantasiosas que circulam nas redes, expondo a vida real, simples, e sem ostentação.
2. Distorção promovida pelo perfil “Vítimas da Estilista”
O trecho foi recortado, editado e republicado sem contexto com o título pejorativo “Ela jura que é uma princesa”, numa tentativa de:
- Deslegitimar o tom de ironia e autocrítica
- Reforçar a narrativa de soberba, falsidade e contradição
- Incentivar escárnio sobre sua aparência, rotina doméstica e espaço pessoal
Essa prática caracteriza-se como descontextualização intencional com viés de humilhação pública, violando direitos de imagem e dignidade.


Abaixo, alguns dos comentários deixados nesse vídeo — que nada têm a ver com qualquer denúncia ou “exposição de golpe”, mas dizem muito sobre quem os escreve:
🗣️ “E ela faz vestido nessa catinga que tô sentindo daqui 😳😳”
➡️ Um comentário com tom escatológico, apelando para um imaginário de sujeira que sequer é visível no vídeo. Essa frase não é só ofensiva — é humilhante, nojenta e desumana. Esse tipo de ataque usa a suposição de um “mau cheiro” para desqualificar uma mulher que trabalha de casa. É violência simbólica disfarçada de piada.
🗣️ “Ser safada não é sinônimo de ser inteligente, mana”
➡️ Um ataque direto à minha moral, com insinuação sexual e julgamento de caráter. Esse tipo de frase mistura misoginia com tentativa de humilhação intelectual. O objetivo é claro: reduzir a mulher à vulgaridade para silenciar qualquer discurso de autoridade.
🗣️ “Uma casa porca”
➡️ Um comentário que julga e invalida o espaço doméstico de uma mulher que, naquele momento, estava justamente fazendo faxina. A intenção não é falar sobre limpeza — é reafirmar a ideia de que não importa o quanto eu trabalhe, sempre tentam me pintar como desleixada, desorganizada e “menor”.
🗣️ “Por isso fudidos não prosperam…”
➡️ A frase escancara um tipo de preconceito de classe perverso. A pessoa parte do princípio de que, por eu não estar mostrando uma mansão ou um cenário decorado “de Pinterest”, eu mereço estar onde estou. É o tipo de comentário que revela mais sobre a crueldade de quem escreve do que sobre mim.
🗣️ “Interessante que em um vídeo ela fala de sucesso, no outro de fracasso. Não entendo…”
➡️ Um julgamento sobre o direito de uma mulher ser múltipla, ter dias bons e ruins, e ainda assim manter a própria dignidade. Esse comentário reforça o desejo de que mulheres públicas sejam sempre coerentes com a narrativa que o público quer ouvir — e, se não forem, são chamadas de mentirosas, incoerentes, ou desequilibradas.
🗣️ “Gasta com festa e plástica, mas não decora a casa”
➡️ Mais uma vez, o julgamento moral sobre o que “deveria ser prioridade”. Como se decorar a casa fosse um selo de respeito, como se quem trabalha com beleza fosse obrigada a viver num cenário de capa de revista. É um comentário típico de quem não entende o que é viver de forma prática, simples e real.
Esse post não é sobre crime, nem sobre vestido, nem sobre cliente. É sobre gente maldosa se sentindo confortável para atacar uma mulher que está em casa, de cara lavada, pintando o cabelo e limpando a própria bagunça.
É sobre escárnio autorizado — porque, quando uma mulher não performa perfeição, beleza ou luxo, o mundo acha que ela pode ser humilhada à vontade.
Nenhuma dessas falas contribui com denúncia alguma. O único objetivo aqui é humilhar, desumanizar e provocar vergonha pública. E isso, sim, diz muito sobre o tipo de perseguição que estou vivendo.
Veja abaixo os crimes configurados:
Um dos comentários mais ofensivos afirma: “E ela faz vestido nessa catinga que tô sentindo daqui 😳😳”, uma frase que busca provocar nojo e repulsa, criando uma sensação fictícia de mau cheiro com o intuito de desqualificar moralmente a vítima. Esse tipo de fala se enquadra como injúria (Art. 140 do Código Penal), por ofender diretamente a dignidade e decoro de uma mulher que estava em sua casa, limpando e cuidando de si.
Outro comentário diz: “Ser safada não é sinônimo de ser inteligente, mana”. Aqui, temos uma associação de conotação sexual e insulto intelectual, que reforça estereótipos misóginos. É uma forma clara de injúria com agravante de gênero, podendo ser interpretada à luz da Lei 14.192/2021, que trata da violência política e simbólica contra mulheres.
O comentário “Uma casa porca” é direto, rude e ofensivo. Embora breve, carrega um julgamento moral que tem como único objetivo humilhar. Também se enquadra como injúria, uma vez que não aponta fatos, apenas insulta.
Outro exemplo grave é o comentário: “Por isso fudidos não prosperam…”, que revela preconceito de classe social, desumanizando a vítima por sua condição de vida. Esse tipo de ofensa pode configurar injúria qualificada por discriminação social (Art. 140, §3º, c/c Art. 20 da Lei 7.716/1989), já que carrega um juízo de valor depreciativo sobre pessoas em condição econômica mais simples.
Há ainda comentários como: “Interessante que em um vídeo ela fala de sucesso, no outro de fracasso…”, que mesmo não sendo crime por si só, ajuda a reforçar a ideia de incoerência ou instabilidade emocional da vítima — o que, em um contexto de perseguição contínua, contribui para a construção de uma imagem pública distorcida.
Por fim, o comentário: “Gasta com festa, plástica… e não decora a casa” não configura crime direto, mas revela o julgamento moral e estético que costuma ser feito sobre mulheres públicas, especialmente aquelas que não seguem padrões tradicionais de ostentação ou beleza.
CRIMES NO VÍDEO PUBLICADO
1. Injúria Qualificada – Art. 140, §3º do Código Penal
“Ela jura que é uma princesa” (legenda em destaque) e “Ela é uma fada?” (legenda da página) são frases que ridicularizam publicamente a vítima, com base em sua aparência e no ambiente doméstico mostrado no vídeo.
✅ Ofensa à dignidade e decoro da vítima, com agravante por se tratar de publicação em rede social (meio que facilita a divulgação do conteúdo ofensivo).
2. Difamação – Art. 139 do Código Penal
O vídeo tenta sustentar uma narrativa pública de falsidade e contradição da vítima, insinuando que ela vive em “porcaria”, “bagunça” ou cenário incompatível com sua profissão, desqualificando sua imagem perante o público.
✅ Dano à reputação profissional e pessoal, baseado em ilações e sarcasmo fora de contexto.
3. Uso indevido de imagem – Art. 20 do Código Civil + Art. 5º, X da Constituição Federal
O vídeo foi recortado de stories pessoais, gravado dentro da residência da vítima, sem autorização.
✅ Violação de imagem, privacidade e honra, especialmente por ter sido editado com fins vexatórios.
4. Incitação ao ódio ou ridicularização – Art. 286 do Código Penal (Incitação indireta)
Ao editar e publicar o vídeo com legendas sarcásticas e conteúdo humilhante, o perfil promoveu o linchamento moral e incentivou ataques nos comentários.
✅ A publicação induz e valida reações de escárnio, configurando incitação ao comportamento criminoso de terceiros.
Curadoria e incentivo ao ódio
- O perfil não apenas publicou o conteúdo com texto depreciativo como curtiu comentários ofensivos, reforçando a aprovação da comunidade ao ataque coletivo.
- Não há moderação nem aviso de respeito ao autor do vídeo.
- A legenda da página “Ela é uma fada?” ironiza o tom do vídeo original, transformando o discurso irônico em deboche validado pelo grupo.
Conclusão do caso
O Post 50 representa mais uma estratégia clara do perfil “Vítimas da Estilista” de descontextualizar vídeos pessoais para fomentar linchamento moral. O conteúdo original tinha tom irônico, leve e crítico, expondo de forma bem-humorada as falsas narrativas criadas sobre a vida da estilista. Ao retirar o vídeo de seu contexto, adicionar legendas depreciativas e liberar os comentários ofensivos — muitos com teor de escárnio, pobreza estética e misoginia velada — o post se torna um instrumento de humilhação pública, atingindo não apenas a reputação profissional de Juliana, mas sua intimidade e dignidade como mulher e cidadã.
Mais uma vez, não há denúncia concreta, prova de irregularidade ou qualquer vínculo com crimes. Há apenas zombaria, julgamento de classe, capacitismo estético e desprezo por uma mulher que trabalha, limpa sua casa e sustenta seu próprio nome — algo que incomoda profundamente quem precisa da ficção para justificar seu ódio.
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