Post 84- Vítimas do TikTok - meu vídeo

🧾 Análise do Post 84 – Perfil “Vítimas da Estilista”
Data da publicação: 16/10/2024
Formato: Recorte de vídeo da estilista com legenda sarcástica e uso de hashtags ofensivas
Falas descontextualizadas: Sim
Comentários depreciativos: Sim
🎬 Contexto do vídeo original
O vídeo utilizado foi retirado dos stories da estilista, no qual ela A fala é uma crítica direta ao uso indevido da sua imagem em vídeos difamatórios, com ironia e desabafo sobre a morosidade da justiça.
🧠 Crimes identificados
- Uso indevido de imagem com fins difamatórios
- O vídeo foi retirado dos stories da estilista e utilizado fora de contexto, com legenda manipulada para ridicularizar:
- “Silêncio que a estilista ‘famosa’ apareceu e vai hablar!”
- Injúria e escárnio público
- A legenda “Então tá mona!” ironiza e descredita o posicionamento da vítima com deboche transfóbico velado (uso de “mona” fora de contexto), reforçando estereótipos de modo pejorativo.
- Difamação indireta e perseguição digital (cyberbullying)
- O uso de hashtags como #julianamitomaniaca, #golpe, #suasafada configura ataque moral, tentativa de destruir reputação e humilhação pública reiterada.
- Incitação ao linchamento moral e assédio coletivo
- O post mobiliza o público por meio de escárnio e ironia, com objetivo de fomentar mais comentários ofensivos.
- Mesmo sem prints de comentários, o padrão da página sugere ambiente hostil.
💬 Análise da fala original da estilista

A fala é um misto de desabafo emocional, ironia e crítica social, com forte carga de resistência.

Ou seja, o conteúdo não configura afronta, deboche ou ataque a ninguém, mas é transformado pela página em mais um episódio de humilhação pública
Crimes identificados nos comentários

Injúria (Art. 140 do Código Penal)
Ofensas à dignidade e decoro, com xingamentos e humilhações pessoais:
- “Essa mulher acha que é o último biscoito do pacote”
- “O diabo é moleque perto dela”
- “Doidinha meu Deus”
- “Caps vem aqui”
- “Essa aí já é de internação”
Difamação (Art. 139 do Código Penal)
Atribuição de comportamentos antiéticos e criminosos sem provas:
- “Trabalhando no próximo golpe”
- “Ela só vende sonhos, não entrega vestidos”
- “Quem mente não tem vergonha na cara, nem sente nada”
- “A m0na é tão boa q quando posta bloqueia os comentários, e tantos vestidos q vi p ver os filhos p3de ajuda p povo dá dinheiro”
Cyberbullying e incitação à perseguição (Art. 186 e 187 do Código Civil + Marco Civil da Internet)
- Ataques em massa com curtidas e repetição de ofensas
- Curtidas da própria página nos comentários mais agressivos
- Uso de ironia, sarcasmo e emojis de riso para reforçar escárnio coletivo
Capacitismo
- “Essa mulher tá fora da casinha”
- “Caps vem aqui”
- “Essa aí já é de internação”
Esses comentários buscam patologizar a vítima, ridicularizar seu estado emocional e sugerir que ela é incapaz mentalmente — o que configura discurso discriminatório grave.
Assédio moral coletivo
- Comentários em tom de zombaria, com frases repetidas por múltiplos perfis (“meu cabelo tá lindo”, “doidinha”, “ela se acha”) reforçam o cerco moral que caracteriza o linchamento virtual.
Falsa imputação de crime
- “Só golpe atrás de golpe”
- “Ela tá sempre no meio de polêmica porque engana as pessoas”
- Nenhum comentário apresenta provas, mas assume o papel de julgamento e condenação pública.

Comentários mais graves — exemplos de ataques
Entre os 56 comentários publicados no vídeo do Post 84, alguns se destacam pelo nível de agressividade, difamação e escárnio público. Abaixo, alguns exemplos diretos que ilustram a gravidade do linchamento promovido pela página:
- “Essa mulher tá fora da casinha. O diabo é moleque perto dela.”
- Um ataque que mistura injúria com capacitismo, desumanizando a vítima e zombando de sua sanidade mental.
- “Trabalhando no próximo golpe 😂😂😂”
- Insinuação direta de comportamento criminoso sem qualquer prova, configurando difamação.
- “A m0na é tão boa que bloqueia comentários e pede dinheiro pros filhos”
- Falsa imputação de crime e tentativa de desacreditar o sofrimento da vítima, criando uma narrativa manipuladora de fraude e aproveitamento.
- “Caps vem aqui” / “Essa aí já é de internação”
- Comentários capacitistas que tratam sofrimento emocional com desprezo e sarcasmo.
- “Estiliana julinista” / “Só faltou a água com limão”
- Zombarias gratuitas que reforçam o escárnio e ridicularizam o nome e imagem da profissional.
- “Quem mente não tem vergonha na cara, nem sente nada”
- Afirmação categórica de que a vítima é uma mentirosa, sem qualquer prova, tentando deslegitimar todo e qualquer posicionamento dela.
- “Ela trocou o nome da conta pra evitar processo”
- Acusação falsa de fraude e tentativa de fuga da justiça — sem qualquer base jurídica ou evidência.
Esses comentários não são casos isolados. Eles fazem parte de um padrão coletivo de humilhação, incentivado pela página que não só permite como também curte e interage com os ataques, legitimando o discurso de ódio
Quando a autoestima vira ameaça

O que mais incomoda nesse post não é a fala da estilista — mas sim o fato de ela existir, resistir e se recusar a abaixar a cabeça.
A frase original era um desabafo simples: “Já que vão pegar meus vídeos pra ganhar hype, pelo menos me mostrem bonita”. Mas para um público alimentado por ódio, isso foi o bastante para desencadear uma avalanche de escárnio. Por quê?
Porque existe um incômodo profundo, visceral, quando uma mulher que foge dos padrões — estéticos, comportamentais, sociais — ousa se amar. Quando ela diz “sou bonita”, o público reage como se tivesse sido desafiado. E de certa forma, foi. Ela desafiou o silêncio, desafiou o papel da vítima envergonhada e desafiou a lógica da humilhação coletiva.
Mulheres que se posicionam com firmeza, que não se escondem, que se autopromovem fora da lógica do “fofa e submissa” — especialmente se não têm corpo magro, traços eurocêntricos, ou dinheiro pra blindar sua imagem — são vistas como uma afronta. Elas não podem ser bonitas. Não podem ter autoestima. Não podem ser admiradas. Não podem existir com brilho próprio.

E é aí que entra a inveja. Não da beleza em si, mas da liberdade. Da coragem de ser quem se é, em público, sem pedir desculpa por isso.
O Post 84 mostra o que acontece quando uma mulher resiste a ser diminuída: ela vira alvo. Mas também mostra o que mais assusta quem persegue — o fato de que, mesmo ferida, ela ainda aparece. E fala.
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